ES: indústria de transformação do estado teve saldo positivo de 1.390 vagas de emprego formal nos dois primeiros meses do ano
A indústria de transformação do Espírito Santo teve saldo positivo de 1.390 vagas de emprego formal nos dois primeiros meses de 2022, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Somadas as contratações da construção civil, a indústria capixaba gerou 4.033 novos postos de trabalho em janeiro e fevereiro.
O desempenho do estado é oposto ao resultado da indústria nacional que, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), caiu 0,1% em fevereiro após alta de 0,1% em janeiro, o que aponta para um cenário de estagnação.
Antes do resultado negativo em fevereiro, o emprego industrial vinha de três altas consecutivas desde novembro, com crescimento acumulado de 0,5%. O indicador de faturamento real apresenta quadro semelhante. Após três altas consecutivas, que totalizaram aumento de 6,6% entre novembro e janeiro, o índice recuou 0,2% no último mês.
Para o economista William Baghdassarian, é possível falar que a indústria passa por um momento de retomada da atividade. No entanto, o desempenho instável dos indicadores se deve a fatores positivos e negativos, explica.
“À medida que a pandemia começa a recuar, a gente tem um crescimento natural da atividade e a maturação daquelas reformas [trabalhista e previdenciária], que começaram a dar alguns efeitos. Outro fator positivo é que a gente conseguiu atrair investimentos e destravar uma agenda de infraestrutura. São forças que puxam na direção de dizer: ‘sim, estamos voltando a crescer’”, avalia.
Mas há sinais na direção oposta, diz o economista. A indústria ainda sente os efeitos da pandemia em relação ao transporte marítimo e contêineres que ficaram parados nos portos, o que gerou problemas de distribuição nessa retomada. Há também escassez de componentes eletrônicos, alta no preço dos combustíveis e a guerra entre Ucrânia e Rússia. “Quando a gente junta tudo isso num campo externo, isso é na direção de puxar nosso crescimento da indústria para baixo”, avalia.
No nível interno, Baghdassarian afirma que a taxa de juros e a inflação também contribuem para o vai e vem dos indicadores industriais. “Quando a gente subiu a taxa de juros para conter a inflação, o crédito para essas empresas ficou mais caro. Então, no curto prazo, o capital de giro é mais caro e, no longo prazo, muitos projetos de investimento deixam de ser viáveis. Além disso, a inflação é um fator de risco. Isso pode ser demonstrado, por exemplo, na confiança da indústria, que está patinando”, afirma.