Casos de AIDS entre usuários de drogas injetáveis diminui
O Segundo Relatório Brasileiro Sobre Drogas Sumário Executivo, publicado no site do Governo Federal, informa que houve uma queda progressiva nas taxas de novos casos de AIDS entre usuários de drogas injetáveis nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, refletindo uma estabilidade apenas na região Norte. No que diz respeito ao gênero, a proporção de novos casos mantém-se em 4 homens para 1 mulher, enquanto entre usuários de crack, segundo apontado pelo estudo, as mulheres representam uma proporção maior que os homens.
O relatório foi construído com base nos dados fornecidos pelo Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, que divulgou informações detalhadas sobre a incidência de HIV/AIDS e hepatites virais no Brasil, com foco na parcela da população que teve o uso de drogas injetáveis como provável fonte de infecção (UDI). Os dados analisados e registrados no estudo abrangem o período de 2007 a 2015 e foram extraídos dos Boletins Epidemiológicos HIV/AIDS e Hepatites Virais de 2017.
O documento também aborda a distribuição por faixa etária e apresenta uma redução em todos os grupos, exceto entre aqueles com 60 anos ou mais, onde houve um aumento de casos. A faixa etária mais afetada, segundo a publicação, continua sendo a de 30 a 49 anos. Além da faixa etária, o documento também aponta dados sobre incidência de HIV/AIDS e hepatites virais no Brasil, relacionado à questão da escolaridade, os casos ocorrem principalmente entre aqueles com 4 a 8 anos de educação formal, embora seja necessário, conforme registrado no estudo, destacar a proporção de escolaridade não notificada.
Sobre o assunto, Miler Nunes Soares, médico psiquiatra e responsável pela Clínica de Recuperação para Dependentes Químicos Granjimmy, afirmou que considera importante verificar que uma das observações mais destacadas no relatório é a queda progressiva nas taxas de novos casos de AIDS entre usuários de drogas injetáveis nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. “Essa variação regional suscita questões importantes sobre os fatores que podem influenciar as tendências epidemiológicas em diferentes áreas do país. Cabe uma análise sobre fatores que mantiveram os números da região Norte estáveis durante os anos”.
Ainda sobre o relatório, que pode ser analisado na íntegra através do link informado no início desta matéria, é possível verificar dados sobre casos de hepatites B e C entre usuários de drogas injetáveis. Os dados revelam que esses casos representam 37,8% e 32,5% do total dos casos de hepatites virais no Brasil, respectivamente. O estudo aponta também que a proporção de casos de hepatite B entre o uso de drogas injetáveis como provável fonte de infecção, permaneceu em cerca de 2% do total, com uma alta proporção de casos com exposição desconhecida. O documento também mostra que quanto à hepatite C, houve um aumento no número de casos em 2015, após uma queda progressiva nos anos anteriores.
Perguntado sobre o assunto, Miler Nunes disse que a análise dos dados sobre hepatites B e C entre usuários de drogas injetáveis enfatiza a importância de uma abordagem integral na compreensão e enfrentamento dessas infecções, considerando não apenas as taxas de incidência, mas também a complexidade das condições que as influenciam.