Especialista dá dicas para escolha de equipamento mesh
A criação de uma rede mesh para uma empresa ou mesmo residência se tornou mais atrativa após a Wi-Fi Alliance, organização global responsável pela adoção e evolução do Wi-Fi, anunciar, em janeiro, o início da certificação de produtos compatíveis com o Wi-Fi 7.
Redes mesh são sistemas de conectividade wi-fi que consistem na conectividade de vários dispositivos, chamados de módulos, que se comunicam para formar uma rede única. A palavra mesh, inclusive, significa “malha” em inglês, e a rede mesh funciona como uma malha que cobre o ambiente, distribuindo o sinal de Wi-Fi.
A nova tecnologia sem fio é quatro vezes mais rápida que sua antecessora, o Wi-Fi 6, e é capaz de alcançar taxas de dados acima de 40 Gigabits por segundo (Gbps). Este é o mesmo padrão de um cabo ethernet Cat8, usado em redes de data center, mas também disponível ao consumidor final.
“A vantagem da conexão Wi-Fi 7 é que ela não tem a limitação da distância de 30 metros, comprimento máximo que o cabo pode ter para garantir a manutenção da taxa”, explica o especialista Tinini, Coordenador de Operações na TÜV Rheinland.
Diferença entre certificação e homologação
A ANATEL promove, desde 2018, o Plano de Ação de Combate à Pirataria (PACP), com o objetivo de fortalecer a fiscalização no combate à comercialização e à utilização de equipamentos sem homologação. Dispositivos eletrônicos classificados como aparelhos de telecomunicação, incluindo os roteadores mesh, precisam ser testados e aprovados para uso no mercado brasileiro de acordo com a Resolução nº 715, de 23 de outubro de 2019, que aprova o regulamento de avaliação da conformidade e de homologação de produtos para telecomunicações.
“O consumidor precisa saber que existem diferenças entre a certificação e a homologação”, explica Tinini. “A primeira parte do processo é a certificação, que consiste em um conjunto de testes e procedimentos que resultam na expedição de um Certificado de Conformidade Técnica. Este processo é conduzido por um Organismo de Certificação Designado (OCD), credenciado pela agência do governo. Em seguida, é feita a homologação, que consiste na análise do Certificado e na emissão do documento de homologação pela Anatel, obrigatório para fins de comercialização e utilização de produtos para telecomunicações no Brasil.”
A certificação e a homologação visam garantir ao consumidor a aquisição de produtos que atendam a padrões de qualidade, de segurança e de funcionalidades técnicas, que incluem compatibilidade eletromagnética, segurança elétrica e uso eficiente do espectro radioelétrico. Após homologados, os produtos devem apresentar o selo com a identificação da Anatel e o número de homologação.
Já a certificação Wi-Fi Certified™ deve ser feita por laboratórios credenciados pela Wi-Fi Alliance e é considerada crucial pelos fabricantes que procuram demonstrar a adesão dos seus produtos aos padrões de interoperabilidade, segurança e aplicações específicas.
“Esta certificação garante compatibilidade, permitindo que dispositivos de diferentes fabricantes funcionem juntos e que o dispositivo atenda a padrões de segurança para proteger os dados e a privacidade dos usuários. A logomarca Wi-Fi Certified™ só pode ser usada por produtos que foram submetidos aos testes realizados pelos laboratórios credenciados”, afirma o especialista.
Análise entre custo e benefício na hora de montar sua rede mesh
A taxa de dados promovida pelo Wi-Fi 7 é um grande atrativo da tecnologia e segundo a Wi-Fi Alliance, ainda neste ano mais de 233 milhões de dispositivos terão a tecnologia Wi-Fi 7 embarcada. “Entretanto, roteadores com a tecnologia Wi-Fi 6 podem ser usados para criar uma rede mesh e atender às necessidades corporativas e pessoais. Apesar de sua taxa ser de 9,6 Gbps, é mais fácil encontrar roteadores, celulares, tablets ou dispositivos IoT com a tecnologia e a preços competitivos”, salienta.
Além disso, muitos dos avanços tecnológicos do Wi-Fi 7 só funcionam em plena capacidade em aparelhos também certificados para Wi-Fi 7. É o caso da Operação Multi-Link, que permite a um mesmo dispositivo se conectar simultaneamente usando mais de uma frequência, obtendo uma taxa maior, mais estabilidade e latência menor. Isso também vale para a modulação 4KQAM (4096-QAM), tecnologia que transforma dados em ondas para fazer a transferência de informações via sinais de rádio, o que viabiliza taxas de dados maiores e latências menores, em comparação com o Wi-Fi 6, que usa a 1024-QAM.
“Os roteadores mesh com a tecnologia Wi-Fi 6 e Wi-Fi 7 ou mesmo de gerações anteriores, como Wi-Fi 4 ou Wi-Fi 5 precisam seguir os mesmos processos para serem homologados pela Anatel e credenciados pela Wi-Fi Alliance. Para auxiliar o consumidor a ser assertivo em sua compra, a agência do governo e a organização global disponibilizam em seus sites ferramentas de busca onde é possível checar se o produto é homologado e certificado seguindo os parâmetros estabelecidos por ambas”, avisa o especialista.