Pesquisa revela que óleos essenciais de plantas medicinais têm potencial no controle de doenças em vegetais
Doze óleos essenciais de plantas medicinais diversas foram avaliados para utilização no controle de doenças em vegetais e ao menos três têm potencial de uso, é o que constatou pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas. Os óleos essenciais não só tiveram efeito na inibição do desenvolvimento dos fungos fitopatogênicos, aqueles que causam enfermidades em plantas, mas também estimularam o sistema de defesa delas, induzindo a resistência.
O estudo intitulado “Utilização de óleo essencial de plantas como alternativa biotecnológica de controle da mancha-alvo e da antracnose em hortaliças cultivadas” foi desenvolvido no âmbito do Programa Universal Amazonas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam)
Utilizadas na medicina popular ou na culinária, as doze espécies avaliadas na pesquisa foram as seguintes: Curcuma longa (cúrcuma ou açafrão-da-terra), Lippia gracilis (alecrim-da-chapada ou alecrim-de-tabuleiro), L. sidoides (alecrim-pimenta ou alecrim-grande); L. alba (erva-cidreira ou falsa-melissa), Mentha arvensis (hortelã-japonesa ou hortelã-do-campo), M. piperita (hortelãzinho ou hortelã-da-folha-miúda), Ocimum gratissimum (alfavaca-cravo), Piper aduncum (pimenta-de-macaco), P. callosum (joão-brandim ou óleo-elétrico), P. hispedinervum (pimenta-longa), P. hispidium (matico ou aperta-ruão) e P. marginatum (pariparoba, caapeba-cheirosa ou caapeba-branca).
O coordenador do estudo e doutor em Biotecnologia, Rogério Eiji Hanada e sua equipe verificaram que, por conta do seu baixo potencial danoso para o meio ambiente, para os agricultores e os consumidores, o uso desses óleos essenciais na agricultura, pode futuramente, ser uma opção eficiente, segura e acessível no controle de doenças de plantas, em cultivos sustentáveis.
Na agricultura orgânica, em que o controle de pragas é feito sem a utilização de fungicidas e inseticidas industriais, essa alternativa configura-se como uma forma valiosa e de interesse, principalmente, para os pequenos agricultores. “Paralelamente ao controle de doenças, o cultivo das espécies medicinais, ou mesmo as pequenas indústrias, para a extração dos óleos essenciais, poderão se tornar uma fonte de renda para os agricultores”, comentou Rogério Hanada.
As substâncias inibiram o desenvolvimento dos fungos fitopatogênicos, o que incluiu o crescimento micelial, a produção e a germinação de conídios (esporos). “Quando as plantas foram tratadas com os óleos essenciais e inoculadas com os fitopatógenos, observou-se redução da severidade das doenças”, completou.
O sistema de defesa natural foi ativado, fazendo com que houvesse o aumento da produção de peróxido de hidrogênio e das enzimas quitinase e glucanase.
Resultados da pesquisa
A pesquisa envolveu a avaliação do controle da antracnose da pimenta-de-cheiro, que causa redução da produtividade e da qualidade dos frutos e ocorre pelo ataque dos fungos Colletotrichum brevisporum e C. scovielli.
Outra doença avaliada foi a mancha-alvo do tomateiro, que ataca, principalmente as folhas, reduzindo a produção, causada pelo fungo Corynespora cassiicola, e ainda a antracnose da cebolinha, causada pelos fungos Colletotrichum theobromicola e C. spaethianum.
Com o óleo essencial do alecrim-da-chapada ou alecrim–do-tabuleiro obteve-se controle satisfatório das três doenças estudadas, em comparação com as plantas não tratadas. O óleo essencial da pimenta-de-macaco também reduziu os sintomas da antracnose em pimenta-de-cheiro e em cebolinha. E, por fim, o do alecrim-pimenta proporcionou controle da mancha-alvo do tomateiro.
O estudo foi desenvolvido com a participação de pesquisadores e estudantes do mestrado em Agricultura no Trópico Úmido (ATU) e de Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Além de cientistas dos Laboratórios de Produtos Naturais e Fitoquímica e de Multiusuário de Biologia Molecular, da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa Amazônia Ocidental) e do Laboratório Central de Análises Químicas, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
Apoio da Fapeam
“O apoio da Fapeam, de forma geral, tem sido fundamental para a pesquisa científica no Amazonas. Os recursos do Projeto financiaram a aquisição de uma estufa, reagentes para análises, coletas em campo, material para trabalho de campo”, comemorou.
O Programa Universal Amazonas, que fomentou o estudo, visa o financiamento de atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, ou de transferência tecnológica, em todas as áreas do conhecimento, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Amazonas em instituição de pesquisa ou ensino superior ou centro de pesquisa, públicos ou privados, sem fins lucrativos, com sede ou unidade permanente no Estado do Amazonas.