Mercado da beleza masculina se mantém aquecido durante a pandemia
A pandemia da Covid-19 não impediu o aquecimento do mercado da beleza masculina. Somente no ano passado, 11,4 mil empresas foram formalizadas no Paraná, atingindo um total de 73 mil negócios no setor, o que representa 4,62% das empresas ativas no Estado. Em todo Brasil, eram 1,2 milhão de empresas até 2020.
Um exemplo desse crescimento são os novos conceitos de barbearias que têm atraído oportunidades de negócios no ramo, a partir da mudança de comportamento dos homens em relação à beleza, que começaram a exigir cuidados diferenciados, inspirados em design de barba e cabelo.
Em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, o empresário João Diniz da Cunha Castro é a prova que a busca por inovação traz resultados. Há sete anos, ele apostou no setor após deixar de lado a carreira de publicitário. Inicialmente o serviço de barba e corte de cabelo era oferecido na residência ou no local de trabalho do cliente.
“Em 12 meses eu conquistei uma carteira de 1,3 mil clientes. Ter um espaço físico tornou-se uma necessidade. Abri o próprio negócio, totalmente diferenciado dos modelos convencionais que existiam na época para atender o público fidelizado. Junto com minhas irmãs focamos em oferecer o que havia de melhor na área”, conta.
Além da implementação da “barboterapia”, que é um tratamento com ozônio para a limpeza da pele, o espaço físico agregou valor ao negócio, com local para jogos, vendas de bebidas, entre outros atrativos para atrair novos perfis de clientes.
“Em um ano, crescemos 300%. Sempre busquei inovar, trazer novidades e oferecer qualidade no serviço”, reforça. A expansão do negócio permitiu a instalação de novas unidades em Ponta Grossa – uma dentro de um shopping center e a outra em uma fábrica de cervejas – além de pontos em São Paulo e Curitiba.
A pandemia da Covid-19, no entanto, não impediu o empresário de crescer. “Investimos em segurança e mostramos para nossos clientes que nossas unidades estavam seguras. Não nos limitamos apenas ao uso de álcool em gel e máscaras, mas investimos em cuidados com as vestimentas, higienização de equipamentos e do ambiente, por exemplo”, explica.
Marcelo Ramos apostou no setor em fevereiro de 2020 e vinculou novos produtos para atrair a clientela. Crédito: Arquivo pessoal.
Para a consultora do Sebrae/PR, Gabriela Cipriano, vender experiência para o cliente é sinônimo de fidelização. “Aposte nos cuidados, nos detalhes, na comodidade, mantenha a qualidade, facilite a vida do cliente por meio da tecnologia, por exemplo: agendamento por meio de aplicativo, orientação na utilização de produtos”, sugere.
Outra dica é estar antenado à inovação de cortes e tendências. “Grande parte das pessoas se espelham nos jogadores de futebol, artistas, nos influenciadores digitais, enfim, em celebridades que ditam a moda”, explica.
Em Curitiba, Marcelo Ramos Sena trabalhava com serviços de instalação de internet, mas sempre teve o sonho de abrir o seu próprio negócio. Após realizar os cursos necessários ele inaugurou a sua barbearia, em fevereiro de 2020, pouco antes do início da pandemia. Além de buscar novos clientes por meio de seus contatos e de publicações em redes sociais, o empreendedor passou a oferecer petiscos e bebidas durante os cortes. Dessa maneira, ele percebeu que poderia vincular seus serviços a novos produtos que pudessem atrair clientes e passou a vender também espetinhos e bebidas, e até mesmo camisetas, bonés e acessórios.
“O segmento de barbearias possui uma grande concorrência e alguns picos de movimento, como foi o caso do final do ano passado, e alguns momentos em que é menor como no mês de janeiro. A venda dos espetinhos foi uma maneira de diferenciar o negócio do mercado e tem chamado bastante a atenção do pessoal que passa por ali. Mesmo com todas as dificuldades, a gente vê que tem um bom potencial de crescimento, especialmente com a venda desses produtos”, afirma ele.
Perspectivas para 2021
A expectativa é que o segmento de embelezamento só volte a alcançar o faturamento do período pré-pandemia a partir do 2º semestre do ano. De acordo com as pesquisas realizadas pelo Sebrae, em parceria com a FGV, em um primeiro momento as perdas no faturamento no setor de embelezamento chegaram a 89%. Atualmente, o monitoramento aponta que já houve uma ligeira recuperação, com uma receita que, em média, encontra-se em torno de 50%, quando comparado ao período anterior à crise. É importante lembrar que as orientações a respeito dos cuidados sanitários continuam valendo e com eles as medidas que restringem – por exemplo – o atendimento simultâneo de muitos clientes.